sábado, 20 de junho de 2009

OUTRO JORNAL DE ONTEM


Abel Ribeiro foi levado ontem por inspectores da Polícia Judiciária de Coimbra ao juiz do Tribunal de Pombal, que determinou a sua prisão preventiva. A autópsia ao corpo de Maria Dias Leal realiza-se hoje19 Junho 2009 - 00h30
Pombal: Assassino que esquartejou a mãe pede morte à entrada do tribunal
"Peço-vos que me cortem o pescoço" O homem que matou a mãe por asfixia, esquartejou e congelou o cadáver, foi recebido ontem no Tribunal de Pombal por dezenas de populares indignados. "Era cortar-te o pescoço", gritavam, ao que Abel Ribeiro, de 35 anos, respondeu: "Façam-me esse favor!"
O assassino respondeu aos populares num tom de voz firme e muito calmo, enquanto subia as escadas do tribunal, algemado e acompanhado por inspectores da Polícia Judiciária de Coimbra. No entanto, perante o juiz, optou por se manter em silêncio. Ficou em prisão preventiva.
Abel Ribeiro já tinha confessado à polícia como planeou a morte da mãe, Maria Dias Leal, de 55 anos, na sequência das desavenças que mantinham desde que regressou da Holanda, há um ano e meio.
Ao longo de quase dez meses Abel Ribeiro levantou o rendimento social de inserção atribuído à mãe: pouco mais de cem euros. Para proceder ao levantamento do dinheiro nos CTT usava o BI da vítima.
Abel Ribeiro programou o crime ao pormenor e numa manhã de Agosto de 2008 pôs comprimidos para dormir no leite da progenitora e asfixiou-a usando uma almofada. De seguida separou o corpo em seis partes – cabeça, pernas, braços e tronco – para conseguir guardá-lo na arca frigorífica do apartamento, em Albergaria dos Doze. O tronco estava envolvido num lençol de flanela e era imediatamente visível quando se abria a tampa.
Para cortar o cadáver terá usado vários instrumentos, desde facas, a cutelos e até uma serra. Mas a Polícia Judiciária ainda não encontrou nenhum destes objectos nas buscas realizadas na mata indicada pelo homicida.
A autópsia, que permitirá esclarecer mais pormenores sobre os contornos do crime, vai realizar-se hoje de manhã. Isto porque só ao fim de 24 horas o cadáver fica descongelado em condições de ser analisado e estudado pelos peritos de Medicina Legal.
ATENDEU OS FAMILIARES À PORTA DE CASA
'Bem-educado e calado.' É assim que a população de Albergaria dos Doze descreve Abel Ribeiro. Considerado muito reservado, o homicida frequentava um café próximo da sua casa, mas 'não falava com ninguém', contam os proprietários. A própria família não o via há anos. 'A última vez que estive com ele foi no seu casamento, há 13 anos', conta um familiar, que há 15 dias lhe bateu à porta e estranhou a sua reacção.
'Ao abrir a porta deu-me praticamente com ela na cara e pediu-me para esperar um minuto. Depois apareceu com a desculpa de que tinha tudo desarrumado', mas não o convidou a entrar, recorda o homem, sob anonimato. Disse que a mãe estava em França com um homem de Santarém e que lhe ia perguntar se podia dar o contacto. 'Fiquei à espera até ser surpreendido por esta notícia'.
'INSULTAVA A MÃE ATÉ POR TELEFONE'
Desde que emigrou para França que Abel Ribeiro 'era uma fonte de preocupações' para a mãe. Segundo Amália Marques, amiga de Maria Leal, 'ela esteve muito tempo sem saber do filho, o que a preocupava'.
Quando o conseguiu localizar em França 'não ficou melhor, porque ele insultava-a, até por telefone. Arrasava-a', recorda, ao lembrar que esse contacto com Abel 'não lhe fazia nada bem' por a vítima ser 'dada a depressões'.
Entretanto, o filho esteve na Holanda. Com o seu regresso as coisas pioraram. 'Ela queixava-se muito, mas nunca pensei que terminasse desta forma. Ainda não estou em mim.'
PORMENORES
NA ARCA FRIGORÍFICA
O corpo de Maria Dias Leal foi descoberto na terça-feira dentro de uma arca frigorífica no apartamento onde vivia.
TOCAVA ACORDEÃO
A vítima tocava acordeão e órgão em festas de aldeia e em casamentos. Exerceu a profissão de taxista, que abandonou após o divórcio, há cinco anos.
DOIS CRIMES
O homicida está indiciado pela prática dos crimes de homicídio qualificado e profanação e ocultação de cadáver.

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